Os 5 porquês do place branding

Caio Esteves  12.24

Muitos me perguntam como seria “vender” place branding num país que ainda não entende direito nem o que é branding.

Em primeiro lugar, está claro para mim que as “cidades” estão na moda e passam a ser o centro da discussão no mundo todo — e o Brasil também começa a se inserir neste universo.

A ideia veio com a sobreposição de outras duas disciplinas, o placemaking e a comunicação. O placemaking, que qualifica espaços públicos, seria uma forma de trabalharmos o “brand experience” e a comunicação seria a forma de trabalharmos o “brand expression”. Dessa forma fecharíamos o ciclo: identidade + experiência + expressão; ou ainda: pensar + fazer + comunicar.

Foi com essa ideia que desenvolvemos o identity placemaking, que trabalha tanto as questões conceituais quanto as projetuais, levando o conceito até a sua materialização no espaço público e sua comunicação. Esse framework faz a transição entre o intangível e tangível, criando experiências palpáveis, replicáveis e comunicáveis — algo absolutamente necessário aos possíveis contratantes.

Com isso ficou muito mais fácil convencer quem quer que seja. Ouvimos certa vez que o place branding transforma capital do lugar em capital político, e também acreditamos nisso.

Esse capital político também tem um enorme poder de atração e sedução, uma vez que ele facilmente pode se tornar um legado do político ou grupo político que teve a visão, o espírito inovador capaz de ser um “early adopter” de um pensamento já em curso e com bons exemplos em muitas partes do mundo, mas ainda um pensamento quase que desconhecido por nossas bandas — e, afinal, nada como atiçar o bom e velho ego e ainda transformar os lugares!

Mas vamos aos cinco porquês do place branding:

1. Transformar capital do lugar em capital político

Sabemos que a qualidade de um lugar pode ser medido pela qualidade dos seus espaços públicos. Um lugar que entende seu potencial, reforça sua vocação e qualifica seus espaços públicos tende a ser um lugar lembrado e com uma população orgulhosa, criando senso de pertencimento capaz de transformar espaços em lugares.

2. Criar um ideia capaz de engajar pessoas e, por que não?, eleitores

place branding parte sempre de dentro pra fora. No caso dos lugares, isso tem ainda mais importância. A criação de uma ideia comum (e não única) tem capacidade de aderência de diferente segmentos da comunidade, agora unidos por um ideal compartilhado. A participação de todos legitima e qualifica o processo, além de reforçar o senso de pertencimento.

3. Criar uma visão inovadora

A preocupação com as cidades ainda é uma ideia nova no país. A relação entre cidades, marcas, engajamento e comunicação, dentro de um mesmo guarda-chuvas é inovadora. Os lugares que entenderem essa necessidade automaticamente se posicionarão como inovadores. Mas, é importante lembrar, não basta falar, é preciso fazer.

4. Inserir no mapa

Seria muita inocência pensar que cidades não sofrem concorrência. As cidades concorrem por atração e retenção de talentos, por investimentos, por indústrias e também, e não unicamente, por turistas. Um lugar com uma identidade clara, uma oferta sólida e coerente, tem muito mais oportunidades e possibilidades de sucesso.

5. Melhorar e experiência nas cidades

E por fim, o motivo mais óbvio, o place branding qualifica os espaços públicos e melhora consideravelmente a experiência nos lugares. É importante entender que ele não é privilégio de grandes cidades com grandes potenciais econômicos. Essa abordagem é útil em qualquer dimensão de lugar. Na verdade, quanto mais aparentemente desinteressante for um lugar, maior a necessidade desse trabalho — afinal, vender uma cidade com um Torre Eiffel não é exatamente difícil.

Meu nome é Caio Esteves e sou CEO da PLUS | PLACES FOR US, a primeira agência brasileira dedicada a construir e fortalecer marcas-lugar. Especialista em branding com mais de doze anos de experiência na construção de marcas, também sou diretor da CEB+D, agência multidisciplinar de branding e design, membro do Insitute of Place Management de Manchester (IPM) na Inglaterra, colunista e membro do conselho consultivo do Congresso City Nation Place, colaborador da publicação Place Branding and Public Diplomacy. Sou também coordenador do 1º MBA de Place Branding do país e professor no curso Branding Innovation nas Faculdades Integradas Rio Branco em SP e professor de Branding nos cursos de pós-graduação e MBA do IED-SP e do MBA Branding na faculdade Alfa- GO.

Além dos projetos de Place Branding em andamento, a PLUS está presente na discussão mundial de Place Branding e Placemaking, com participações em duas edições do Future of Places (Argentina e Suécia), prévias para o UN HABITAT 2016 (ONU), apresentação de artigo no II Congresso Internacional de Marcas (Brasil) e como única presença brasileira no CityNationPlace, congresso internacional de Place Branding em Londres. Também faz parte do IPM, Institute of Place Management, vinculado a Manchester Metropolitan University.

Texto Extraído do Site: Site Medium.
Foto de Capa:
Caio Esteves.