
Qual o espaço nos ambientes reais para crianças e adolescentes?
LETICIA CARVALHO 09.25
A infância hiperconectada e seus impactos
Talvez esteja um pouco atrasada no timing do assunto e da leitura, mas estou lendo A Geração Ansiosa: Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais, de Jonathan Haidt, tentando entender como o contato com as telas de forma irrestrita e a crença de que as redes sociais não impactam tanto na construção e desenvolvimento de crianças e adolescentes, vem se apresentando no mundo real. As analogias, análises e percepções do autor são incríveis!
O digital afeta meninos e meninas de formas distintas
Em resumo, as redes sociais e os ambientes virtuais impactam diretamente no desenvolvimento social de meninos e meninas, com consequências diferentes por recorte de gênero. Mas, a ideia deste artigo é pensar no próximo passo.
Se celular não é lugar de criança… onde está o lugar das crianças?
Tudo bem, celular não é lugar de criança! Qual é o lugar de crianças e adolescentes nas cidades? As cidades possuem espaços em que as crianças e adolescentes possam se desenvolver com dignidade e segurança?
E digo, dignidade porque é necessária certa estrutura. Afinal, as crianças vão ficar em uma praça esburacada, sem uma árvore sequer, sem bancos, sem brinquedos, sem banheiro, sem bebedouro e sem um pipoqueiro? Os pais vão permitir que os filhos fiquem em lugares sem estrutura?
O apelo (e o engano) dos espaços digitais como abrigo seguro
Porque, uma das qualidades dos ambientes virtuais é a possibilidade de os pais não precisarem supervisionar os filhos a cada segundo para eles não caiam e quebrem o braço ou coloquem o dedo na tomada, um lugar em que os pais acreditam que os filhos estejam livres de todo e qualquer perigo (e já sabemos que esta é uma falácia).
Então, quais lugares conseguem competir com o ambiente virtual?
Exemplos que inspiram: Recife e Milão

Praça o Líbano – Recife
Em Recife, inauguraram recentemente a Praça o Líbano, um espaço de convivência e lazer para a população. Antes, o espaço era ocupado por construções de palafita e, após o incêndio, as famílias foram indenizadas e ocuparam outros espaços na cidade. O interessante neste caso, foi a requalificação.
A maneira em que a utilização daquele lugar foi repensada para ser utilizada para a comunidade como um todo e a questão ambiental também foi pautada, afinal junto à construção do espaço de convivência também foi realizado o plantio de 500 mudas.

ParkHood – Milão
Em Milão, um projeto municipal convida a comunidade a participar da transformação das ruas ao redor de 250 escolas da cidade. Desta maneira, o projeto consegue envolver associações, educadores, pais e crianças e adolescentes para que elaborem, construam e brinquem a cidade! O objetivo, deste e outros projetos, é permitir que a cidade seja de fato das pessoas e daqueles que, muitas vezes, são esquecidos nos projetos.
É possível brincar nas ruas da sua cidade?
O lazer de crianças e adolescentes não deveria se resumir a espaços fechados e, digo isso, porque eu sei que você lembra com carinho da época que podia brincar na rua e sente falta da liberdade e tranquilidade que vivia.
Agora eu te pergunto: a sua cidade está preparada para que as crianças e adolescentes estejam nas ruas? Quais são os espaços em que se é permitido brincar e sentir a cidade? O que torna a sua cidade atraente?
Precisamos incluir crianças e adolescentes na equação urbana
É fundamental incluir crianças e adolescentes na equação da qualidade de vida dos lugares!
Aqui na N/ Lugares Futuros acreditamos que as pessoas estão no centro da discussão! Afinal, o que seria dos lugares sem as pessoas? É a partir das pessoas que conhecemos e identificamos as vocações, ativos, sentimentos e percepções sobre o lugar, e a partir desta metodologia que conseguimos tornar os lugares ainda mais atrativos para moradores, turistas, talentos e investidores.
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Se você é gestor público, educador, urbanista ou apenas alguém que acredita no valor de cidades mais humanas:
Vamos conversar. Sua cidade pode (e deve) ser melhor para quem cresce nela.
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